"Não paramos de nos divertir por ficarmos velhos...Envelhecemos porque paramos de nos divertir...! "

30 abril 2011

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Oração de uma monja inglesa( Século XVII)



Senhor,

Sabes melhor do que eu que estou envelhecendo

e que, mais dia menos dia,farei parte dos velhos.

Guarda-me daquela mania fatal de acreditar

que é meu dever dizer algo a respeito de tudo e em qualquer ocasião.

Livra-me do desejo obsessivo

de por ordem nos negócios dos outros.

Torna-me refletida, mas não ranzinza,

serviçal, mas não autoritária.

Acho uma pena não utilizar toda a imensa reserva de sapiência

que acumulei por longos anos,

mas bem sabes , Senhor,...

faço questão de conservar alguns amigos.

Segura-me quando eu começar a desfiar detalhes que não acabam mais,

dá-me asas para ir direto ao fim.

Sela meus lábios acerca de minhas mazelas e doenças,

embora essas aumentem sem cessar,

e, com o passar dos anos, me dê certo prazer enumerá-las.

Não me atrevo a pedir-te

que eu chegue até a gostar de ouvir as outras

quando desenrolam a ladainha dos próprios sofrimentos,

mas ajuda-me a suportá-las com paciência.

Não me atrevo a reclamar uma memória melhor,

dá-me porém uma crescente humildade,

e menos suscetibilidade,

quando a minha memória esbarrar na dos outros.

Ensina-me a gloriosa lição

de que pode até acontecer que me engane...

Tome conta de mim.

Não é que eu tenha tanta vontade de ficar santa

(com certos santos é tão difícil ficar junto!)

mas um velho, além de velho amargo,

é com certeza uma das supremas invenções do diabo.

Faze-me capaz de ver algo de bom

onde menos se espera,

e de reconhecer talentos,

em gente na qual estes não se percebem.

E dá-me a graça de proclamá-los.

Amén

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